As rodovias federais concedidas à iniciativa privada no Brasil passarão a contar com cobertura total de internet 4G até o primeiro trimestre de 2026, segundo informações obtidas pela Folha de S.Paulo e confirmadas por fontes ligadas ao setor. A medida faz parte de um esforço conjunto entre o governo federal, por meio da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), e as 26 concessionárias atualmente em operação no país.
Hoje, cerca de 40% dos 16 mil km de rodovias sob concessão privada possuem cobertura de internet. A proposta é universalizar o acesso, instalando antenas e demais equipamentos ao longo de toda a malha concedida, garantindo conectividade aos motoristas, passageiros e serviços de apoio.
Além do sinal de internet, as rodovias deverão contar com informações sobre os serviços disponíveis ao longo dos trajetos e novos recursos baseados em inteligência artificial, com potencial para melhorar a segurança viária e a experiência dos usuários.
Custo e impacto para usuários
A instalação dos equipamentos terá baixo impacto financeiro sobre os pedágios, segundo especialistas, já que são tecnologias de custo relativamente baixo e com retorno diluído ao longo dos contratos. Os acordos estão em fase de negociação com as concessionárias responsáveis pelos contratos antigos, enquanto os novos editais já exigem a oferta de conectividade como critério obrigatório.
A Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) preferiu não comentar o assunto por enquanto.
Conectividade como avanço logístico e social
Para Ronei Glanzmann, diretor executivo da Moveinfra, a cobertura total de internet nas rodovias representa um avanço importante:
“A conectividade é uma necessidade atual. Isso gera mais segurança para as operações rodoviárias, dá mais interação aos usuários, motoristas e passageiros, proporcionando mais conforto e praticidade. A cobertura da internet nas rodovias pode gerar, ainda, novos negócios, como o uso de inteligência artificial e inovação”.
Investimentos em infraestrutura rodoviária
O projeto de conectividade faz parte de uma estratégia mais ampla de modernização da malha rodoviária federal, que hoje possui 75,8 mil km de extensão, sendo 65,4 mil km pavimentados. Cerca de 25% dessas estradas asfaltadas já são operadas por empresas privadas, responsáveis por obras, manutenção e operação mediante cobrança de pedágio.
Entre 2023 e 2024, o governo já leiloou 9 trechos, totalizando 4.300 km e prevendo R$ 66 bilhões em investimentos. Para 2025, estão programados mais 15 leilões, que devem atrair R$ 163 bilhões em aportes. No total, até 2026, o plano do governo é somar 44 novas concessões com R$ 343 bilhões em investimentos previstos.
Concessões inteligentes e inclusão regional
Outra frente de atuação é o Programa de Concessões Rodoviárias Inteligentes, que busca viabilizar trechos com menor fluxo de veículos, por meio de um modelo híbrido de financiamento. Nesse formato, o governo assume parte dos investimentos, reduzindo o valor necessário por parte das empresas e, por consequência, baixando os custos de pedágio.
Para viabilizar a iniciativa, o Ministério dos Transportes está em processo de fechar um empréstimo de US$ 500 milhões com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O recurso será destinado, inicialmente, a um bloco de concessões no Nordeste, com foco na BR-101, rodovia que cruza os nove estados da região.
A expectativa é que, após a implantação na BR-101, o modelo de concessões inteligentes com conectividade seja expandido para outras regiões do país, integrando mobilidade, tecnologia e inclusão digital nas estradas brasileiras.
Fonte: Guia Muriaé, com informações da Folha de São Paulo
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